Em todo o mundo, um em cada dez bebês nasce prematuro, o que significa que cerca de 15 milhões de crianças nascem antes da 37ª semana de gestação. No Brasil, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 11,7% do total de nascimentos acontecem antes do tempo.
Os primeiros três meses são fundamentais, quando o feto está em formação. A mãe deve evitar medicações não prescritas, cigarro, bebida alcoólica e o uso de drogas, que podem afetar diretamente o bebê, além de manter os exames de rotina junto com o parceiro.
As causas da prematuridade podem ser relacionadas a condições maternas ou fetais. Podemos listar como principais as seguintes: trabalho de parto prematuro espontâneo, ruptura prematuras de membranas e parto induzido por indicações maternas ou fetais. Aproximadamente um terço dos casos se deve à amniorrexe prematura, um terço às intercorrências clínicas maternas ou da gravidez e um terço a causas desconhecidas. Entre as doenças maternas destacam-se hipertensão, diabetes e cardiopatia.
Extremos da idade materna também estão associados a parto prematuro. Pré-eclâmpsia, placenta prévia, alterações do volume de líquido amniótico e gestação múltipla podem ser citadas como intercorrências gestacionais que levam à prematuridade.
O planejamento da gravidez e pré-natal adequado, iniciado precocemente, no primeiro trimestre de gestação, são fundamentais para identificar fatores de risco que podem afetar a saúde materna e fetal, levando ao nascimento prematuro. O ideal é que a identificação desses fatores deve iniciar antes da concepção para que intervenções possam ser realizadas em momento oportuno.
De acordo com a idade gestacional do nascimento e do desenvolvimento, os recém-nascidos podem apresentar complicações e sequelas para o resto da vida. Quanto maior a prematuridade, maiores os impactos no recém-nascido. Abaixo de 30 semanas, o bebê precisará de cuidados intensivos de suporte para respiração, nutrição e controle de processos infecciosos. Quanto maior a prematuridade, maior a chance de apresentar atraso do desenvolvimento neuropsicomotor.
É preciso levar em consideração a idade biológica da criança a contar pelas semanas que nasceu e não apenas pela data de nascimento. A prematuridade é uma situação que impacta diretamente a saúde pública e afeta muitas vezes, de forma irreversível, os pais e os bebês, tanto física como emocionalmente. Por isso, é muito evidente a necessidade de campanhas de conscientização sobre o assunto, além de políticas públicas que visem a redução do números de partos prematuros, investindo em programas de educação sexual na adolescência, planejamento familiar e pré-natal de qualidade.
Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium
Por Giovana Fortunato