Evandro Soares da Silva
A interação entre a universidade pública e a sociedade é uma via de mão dupla. O diálogo constante entre essas duas esferas representa papel crucial no desenvolvimento de ambas.
Neste sentido, as pesquisas desenvolvidas nas universidades públicas são extremamente relevantes, pois seus resultados são necessários para o atendimento às crescentes demandas e desafios enfrentados pelos mais variados setores da sociedade. Isso implica, não só, em direcionar os esforços de pesquisa para áreas que tenham impacto prático e contribuam para a solução de problemas reais, mas também contemplar áreas de conhecimento básico.
Desse modo, o diálogo aberto e contínuo, não sectário, entre a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e os diferentes setores da sociedade – movimentos sociais, Federação de Indústria, Organizações do Comércio, entre muitos outros – é essencial.
A atual gestão da UFMT, desde o início, trabalhou para tanto, sendo sua marca característica a troca de conhecimento e experiência entre os pesquisadores e os membros da comunidade.
O conjunto de diretrizes que norteiam a Política Institucional de Pesquisa da UFMT (PIPe/UFMT) – proposta pela gestão atual e aprovada no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão – possui o compromisso de responder de forma crítica às demandas sociais, buscando a redução das desigualdades, além de ter em vista a geração de renda, inclusão social, sustentabilidade, qualidade de vida, almejando projetar nossa Universidade como protagonista nacional e internacional em Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento e Inovação por meio da excelência na integração entre as ações de ensino, pesquisa, extensão e internacionalização.
Nossa função enquanto Universidade é clara. Capacitar a sociedade por meio da educação e disseminação de conhecimento. Isso vai além dos muros institucionais, alcançando diferentes entes da comunidade, proporcionando oportunidades de aprendizado e desenvolvimento.
As pesquisas conduzidas nas Universidades têm gerado alternativas inovadoras para questões sociais, econômicas e ambientais. Essas alternativas não apenas enriquecem o conhecimento existente, mas também oferecem soluções práticas e sustentáveis para os desafios enfrentados pela sociedade.
A UFMT tem uma responsabilidade social significativa. Além de contribuir para o avanço do conhecimento, está atenta às necessidades da sociedade e trabalha, de maneira colaborativa, para melhorar a qualidade de vida da população, bem como para a promoção de um futuro promissor, alinhado às prerrogativas do desenvolvimento sustentável.
Reitero que nossa UFMT desempenha papel vital na construção de uma sociedade informada, capacitada, justa e resiliente. O comprometimento da pesquisa na busca de soluções e alternativas para as demandas sociais e o estabelecimento de canais efetivos de comunicação são fundamentais para fortalecer essa relação benéfica entre a academia e a sociedade.
Seguindo as tendências das agências de fomento nacionais e internacionais, avançamos muito nas questões de atendimento às demandas internas e externas, com a criação da Rede Multiusuária de Pesquisa – aprovada no Conselho Universitário – preparando a UFMT para ampliar a captação de recursos e, consequentemente, seu parque de equipamentos, culminando em impactos e avanços na qualidade do ensino de graduação e pós-graduação, além da ampliação de sua produção técnico-científica em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I).
A UFMT é uma das universidades do Centro-Oeste com mais laboratórios de pesquisa cadastrados na Plataforma Nacional de Infraestrutura de Pesquisa – PNIPE/MCTI, estamos atrás apenas da UNB. Em breve estaremos em primeiro lugar na região.
As nossas pesquisas englobam todas as áreas de conhecimento. Atualmente, mais de mil projetos encontram-se em desenvolvimento, sendo 214 em ciências agrárias; 155 em ciências humanas; 151 em ciências da saúde; 148 em ciências biológicas; 141 em ciências exatas e da terra; 107 em Ciências Sociais e Aplicadas e 41 em Linguística, Letras e Artes, muitos dos quais com fomento de agências nacionais e internacionais.
Desse modo, a UFMT atende, portanto, aos anseios locais contribuindo com soluções para demandas associadas à produção agrícola e pecuária, questões humanas e sociais, das populações indígenas e do conhecimento popular. A biodiversidade dos biomas de Mato Grosso (Amazônia, Cerrado e Pantanal) é foco de muitos projetos que visam conhecer e conservar essa riqueza biológica, mas também buscar aplicações biotecnológicas na saúde, nas engenharias, na busca da qualidade de vida da população, gerando riquezas para Mato Grosso.
Como resultados desse grande trabalho em pesquisa, observa-se que a produção técnico científica da UFMT seguem crescendo em número e qualidade. No ano de 2023 foram mais de 3.700 produções nacionais e internacionais. Nossos pesquisadores, além da atenção destinada às demandas locais, têm atuado em projetos em escala global com resultados sendo publicados em periódicos respeitados como a Nature e Science, restando indiscutível, portanto, o potencial de pesquisa da nossa Universidade.
Aliada à Extensão Universitária, fundamental para levar o conhecimento científico dos laboratórios e das salas de aula para fora de seus muros, trazendo, ao mesmo tempo, o conhecimento popular para dentro, a pesquisa na UFMT faz e fará sempre a diferença na vida dos mato-grossenses.
A ideia – e trabalharemos muito para isto – é ampliar cada vez mais esse contato e essa articulação. Esse é o futuro da UFMT.
Evandro Soares da Silva é Reitor da UFMT – @evandrodaufmt