Dezembro Laranja: “O sol é o grande vilão e a principal causa do câncer de pele”

Entrevista com a dermatologista Juliana Natale Fiorelli Cesa

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O câncer de pele é considerado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer mais frequente no país, pois corresponde a cerca de 33% de todos os tumores malignos identificados no Brasil. A cada ano, o Instituto registra, cerca de 185 mil novos casos, mas uma projeção apontada pelo próprio INCA indica que, em 2023, haverá um acréscimo de 220,4 mil casos de câncer de pele não melanoma e 8.980 para o tipo melanoma.

De acordo com a médica, dermatologista, que atende no Hospital e Maternidade Dois Pinheiros, Juliana Natale Fiorelli Cesa, o aumento significativo da doença, tende principalmente pela desinformação. O que intensifica a campanha Dezembro Laranja, criada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), para levar conhecimento e prevenção aos brasileiros.

A dermatologista destacou ainda que, dentre os principais fatores de risco está a exposição excessiva ao sol, principalmente sem o uso de filtro solar, o que para um país ensolarado como o Brasil, se torna uma das maiores preocupações.

Conexão Agora (CA): Qual a diferença entre câncer de pele não melanoma e melanoma?

Dra. Juliana Natale Fiorelli Cesa (JNF): A diferença entre o câncer de pele melanoma e não melanoma é o local onde a célula cancerígena se origina. O melanoma se origina dos melanócitos, célula que produz o pigmento da nossa pele. E o câncer de pele não melanoma se origina das camadas da epiderme, dependendo da camada de sua origem vai receber um nome diferente como câncer basocelular, espinocelular, entre outros.

CA: Quais são as principais características de uma mancha cancerígena?

JNF: As manchas variam de acordo com qual tipo de câncer, no caso do melanoma seria uma lesão enegrecida, assimétrica, com várias cores, diâmetro maior do que 6 mm e evolução rápida. O câncer não melanoma apresenta-se como uma pápula perolácea, translúcida que não cicatriza e sangra com facilidade ou uma lesão eritematosa, descamativa e irregular.

CA: O melanoma pode migrar para outras partes do corpo?

JNF: O melanoma em estágios mais avançados pode se espalhar, ele pode causar metástase para linfonodos, fígado, pulmão e ossos, onde o tratamento é mais difícil.

CA: O bronzeamento artificial pode causar câncer?

JNF: O bronzeamento está proibido no Brasil desde 2009 devido ao aumento no índice de câncer de pele nas pessoas expostas. O sol é o grande vilão e a principal causa do câncer de pele. Quando a pele é exposta ao sol, ocorre uma mutação nas células e um crescimento desordenado delas, então aparecem as lesões de câncer.

CA: Fumar pode aumentar o risco de ter câncer de pele?

JNF: O tabagismo pode aumentar o risco de câncer, porque diminuir o sistema de defesa do nosso corpo, aumenta o estresse oxidativo e dificulta a reparação do dano a nossa pele. O tabagismo aumenta em até 3 vezes a chance de desenvolver câncer.

CA: Além do protetor solar, quais são as outras medidas eficazes para prevenir esse tipo de câncer?

JNF: Medidas gerais de proteção como o uso de chapéus, camisetas, óculos de proteção. Evitar exposição solar nos horários de pico, entre 10h e 16 horas. Manter uma alimentação saudável e uma boa hidratação. Lembrando que o protetor solar deve sempre ser reaplicado a cada 2 horas.

CA: Qual o exame mais indicado para o diagnóstico de câncer de pele?

JNF: O exame clínico no consultório com o dermatoscópio (aparelho que usamos para ampliar a imagem e examinar as lesões) é cada vez mais utilizado, assim conseguimos identificar as lesões suspeitas. O diagnóstico confirmatório é com a biópsia. Coletamos material no consultório e enviamos para análise anatomopatológica.

CA: Melanoma pode surgir em áreas que não são expostas ao sol?

JNF: O melanoma pode surgir em qualquer área do corpo em que temos pigmento. Pode surgir em áreas de mucosa, regiões genitais, planta dos pés. Na mulher o mais comum é na panturrilha e no homem nas costas.

 

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